EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Teatro: A Minha Primeira Vez

Encenada pela primeira vez nos palcos brasileiros, a comédia do dramaturgo americano Ken Davenport trata de assuntos rentes ao público jovem, como a perda da virgindade, o exercício da vida sexual e as ansiedades em torno do sexo. Se para as meninas o rito de iniciação gera medos como o de uma gravidez indesejada, para os garotos a pressão para exibir desempenho exemplar na hora da cama revela-se o maior desafio. Sem grandes surpresas, lições morais ou culto à liberalidade comportamental, a peça descarta a abordagem ofensiva e flui de maneira leve e divertida. Na função de tradutor, adaptador e diretor, Isser Korik teceu um espetáculo dinâmico, recortado e sintonizado com a linguagem fragmentária contemporânea.

Como nas versões internacionais, foi criado o site www.aminhaprimeiravez.com.br que, até a estréia da produção, contabilizou mais de mil depoimentos reais e ousados de internautas – a facilidade com que as pessoas se expõem hoje em dia acabou servindo para turbinar a dramaturgia. Em cena, os melhores trechos do texto original e algumas das histórias postadas rechearam a encenação. Além disso, antes de cada sessão, o espectador que quiser preenche um questionário sobre sua iniciação sexual. Tabuladas no bastidor, as informações mais interessantes – e indiscretas - são aproveitadas em esquetes inseridos ao longo da ação. Tudo conspira para a eficiência da montagem, que também se vale do recurso de vídeos veiculados no fundo do palco, com ocasionais projeções de estatísticas ou cotações engraçadas sobre o tema.       

Estruturado em cenas curtas e ágeis desenhadas para não resvalar no tédio, tramas desfiadas quase sempre em primeira pessoa e transições instantâneas entre elas, o espetáculo equilibra porções de romantismo, drama, emoção e humor. Move-se embalado por histórias saborosas, como a do último garoto virgem da turma e do casal de namorados flagrado no elevador pelo porteiro, dolorosas, exemplo da menina vítima de violência sexual, ou surpreendentes, caso da garota da cidade grande encantada pelo filho do caseiro da fazenda. Um dos momentos mais comoventes é o relato da adolescente que tira a virgindade do irmão condenado por doença terminal.

A inventiva cenografia, concebida por Osvaldo Gonçalves, é tão simples quanto funcional. Módulos brancos se transformam em uma cama, arbusto ou carro. Os figurinos, de Luciano Ferrari, reproduzem o estilo descontraído de se vestir da juventude. Isser Korik, que também assina a boa iluminação, potencializa a interação, suave e natural, entre o público e os atores. Mesmo desigual, o elenco tem o perfil adequado para interpretar os diversos personagens do texto e revela congruência com a proposta assumidamente despretensiosa da encenação. Todos estão muito espontâneos em seus papéis e na composição dos tipos, com destaque para a versatilidade de Ian Soffredini e Gabriella Vergani. Nesta peça, além de pungente, desajeitado e desprendido, sexo proporciona situações afáveis.

(Vinicio Angelici - O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto: Christiane Ceneviva)

 

Avaliação: Bom

 

A Minha Primeira Vez

Texto: Ken Davenport

Direção: Isser Korik

Elenco: Emiliano d'Avila, Ian Soffredini, Gabriella Vergani, Luana Martau, Ronny Kriwat e Tammy Di Calafiori. 

Estreou: 04/01/2013

Teatro Folha (Avenida Higienópolis, 618, Higienópolis. Fone: 3823-2323). Sexta, 21h30; sábado, 20h e 22h; domingo, 20h. Ingresso: R$ 40 e R$ 50. Até 30 de junho.

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