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Cinema: O Vencedor

Neste filme dirigido pelo cineasta americano David O. Russel, o que mais chama a atenção é o que acontece fora e não dentro do ringue. Os confrontos mais incisivos e decisivos, que definem rumos de personagens e situações, se dão no interior de uma família, com seus sentimentos à flor da pele. Outro detalhe curioso é que são os coadjuvantes que roubam as cenas do protagonista. No caso, os atores Christian Bale e Melissa Leo, em desempenhos que se equilibram entre o naturalismo e o caricato. Mark Wahlberg, que vive o personagem central, é aplicado e correto, porém, não encanta. Estamos diante de um drama com hálito mais humano que esportivo, inspirado em eventos reais vivenciados por um famoso boxeador dos anos 1980. Na trama, a possessiva Alice (Mellisa) pilota com mão de ferro a carreira do filho Micky Ward (Whalberg), operário que ambiciona triunfar como boxeador, mas anda perdendo uma luta atrás de outra. A mãe toma para si toda a grana que arrecada em combates mal negociados e até levianos – o filho chega a enfrentar um oponente mais pesado. O numeroso e conturbado núcleo familiar do protagonista, irlandeses instalados em Massachussets, costa leste dos Estados Unidos, não ajuda. São sete irmãs enxeridas e ociosas, um pai sem voz e um irmão problemático, seu contraponto. Trata-se do emocionalmente frágil e autodestrutivo Dicky (Bale), que poderia ter se tornado um campeão de boxe, no entanto, acabou nocauteado pelo vício do crack e confusões com a polícia. Predileto da mãe, ele vive se vangloriando de em 1978 ter derrubado – ou o adversário escorregou? – o lendário pugilista Sugar Ray Leonard, numa luta que viria a perder. A própria comunidade, provinciana, o reverencia, alimentando a lembrança e o orgulho, mesmo observando a sua nítida decadência.

Dick é treinador de Micky, quer transformá-lo naquilo que ele não foi, mas é displicente o suficiente para comprometer o trabalho – é um personagem que inspira aversão e compaixão na mesma medida. Sufocado, o protagonista tem de superar o obstáculo simbolizado pela família e a chance aparece na figura de uma garçonete por quem se apaixona e tenta reerguer sua carreira, livrando-o da opressão familiar. Sem meios tons, Russel expõe o submundo do boxe, explicita a turbulência da família e circula com a câmera pelas ruas esvaziadas da cidade, desvendando os ambientes degradados e a cultura das drogas. O maior adversário de Micky, como vai ficando cada vez mais evidente, não está nos ringues, mas em sua casa, nos conflitos e embates exasperantes com o irmão – ele foi um ídolo, se perdeu, no entanto sonha redimir-se por meio dele. Difícil passar por cima disso em se tratando de uma relação fraternal. Uma das boas idéias do roteiro é valer-se da metalinguagem: um documentário sobre Dicky está sendo rodado, com ênfase na história de um sujeito que foi celebridade em uma pequena cidade e mergulhou no inferno. A dramaticidade do enredo, o realismo das disputas de boxe e o ambiente convulsionado em torno dos personagens garantem o impacto e o interesse do longa. O diretor mostra habilidade em saltar das sequências de treinos e lutas para os embates familiares, entrelaçando comédia e melodrama. É um filme de superação pessoal, comovente, emocional e previsível, que costuma cativar as grandes platéias. No lugar de oponentes, aqui se derrubam fantasmas.

(Edgar Olimpio de Souza)

 

Avaliação: Bom


O Vencedor                                                                                                                       

Título Original: The Fighter (EUA, 2010)

Gênero: Drama, 115 min                                                                                              

Direção: David O. Russel

Elenco: Mark Wahlberg, Christian Bale, Melissa Leo e outros.                                   

Estreou: 04/02/2011

 

Assista ao trailer do filme:

 

 

 

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