EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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O mundo de Salgado

O documentário O Sal da Terra celebra a obra do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, 71 anos.

O cineasta alemão Wim Wenders, em parceria com Juliano Ribeiro Salgado, filho do homenageado, construiu um filme envolvente sobre um homem que viajou o mundo e registrou suas múltiplas faces e matizes.

O trabalho foi premiado em Cannes, indicado ao Oscar 2015 e está em cartaz no circuito comercial brasileiro. 

A obra segue uma lógica emocional.

Começa mostrando a infância de Salgado na fazenda do pai, no interior de Minas Gerais.

Termina com o fotógrafo retornando ao local, décadas depois, agora reflorestado e sede do Instituto Terra, patrimônio ambiental da região do Vale do Rio Doce.

"Essa origem anda comigo, a forma bem barroca da minha fotografia vem do barroco de Minas Gerais, daqueles interiores em que eu vivi", assinala ele.

Salgado, que reside em Paris com a mulher Lélia Wanick e dois filhos, é testemunha privilegiada de acontecimentos sociais e políticos que varreram o planeta nos últimos quarenta anos.

Ele registrou o frenesi de Serra Pelada, o genocídio de etnias africanas, as condições de vida de camponeses latino-americanos, o isolamento de tribos indígenas, as árduas relações de produção do trabalho manual, a questão agrária no Brasil, o meio ambiente.

Seu trabalho não é apenas o de fotografar.

Faz questão de conviver com as pessoas e estabelecer uma relação epidérmica com o assunto abordado.

“Seu jeito de retratar quebra a distância, ele traz a realidade e a existência delas”, como explica o filho.

Por conta de seus premiados registros fotográficos em preto e branco, se transformou em um dos mais venerados fotógrafos da atualidade.

Tudo o que documentou foi transposto para livros, como Trabalhadores (1996), Terra (1997), Outras Américas (1999), Êxodos (2000) e Gênesis (2013), entre outros.

O Sal da Terra serviu também para aproximá-lo do filho, de quem se manteve um tanto afastado em função de suas intermináveis viagens profissionais. 

"Este documentário foi um encontro definitivo com meu pai, a gente tinha uma relação distante até então e só falávamos de amenidades”, revela Juliano.

"Aos 15 anos, ele fez uma viagem comigo para registrar a construção do Canal do Rajastão e o material colhido, apresentado na escola onde estudava, marcou sua primeira experiência como contador de histórias”, devolve Salgado.

Além da relação pai e filho, o filme também evoca a longa parceria entre o fotógrafo, que deixou uma promissora carreira de economista, e sua mulher, responsável pela administração da casa e dos projetos desenvolvidos por ambos.

"Dizem que atrás de um grande homem tem uma grande mulher, mas no meu caso não, foi lado a lado”, pontua.

Na opinião de Salgado, cinema e fotografia são artes muito diferentes.

“Os fotógrafos são mais instintivos, ao passo que os caras do cinema concebem e pensam antes as imagens”, compara.

Salgado não se incomoda com a crítica de que faz a estetização da miséria.  

O filho toma a frente: “meu pai sempre foi comprometido com os movimentos sociais, tanto que trabalhou muito com os sem-terra na época da Teologia da Libertação e o dinheiro todo dos direitos do livro Terra foi para o MST”.

No momento, o fotógrafo dá contornos finais no trabalho de registro do café, projeto iniciado doze anos atrás.

As fotos foram feitas no Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Tanzânia, China, Etiópia, Índia e Indonésia.

Além do livro sobre o tema, uma exposição acontecerá em Milão, a partir de abril, e na Bienal de Veneza, no mês de maio.

 

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