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Cinema: Custódia

Estreou nos cinemas brasileiros o forte candidato da França para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro do ano que vem, segundo apontam diversos críticos. Trata-se da estreia em longa-metragem do cineasta Xavier Legrand, que nos surpreende com a maturidade de sua direção de atores nesse drama poderoso, entremeado a uma tensa atmosfera de suspense. Xavier ganhou o Leão de Prata (Melhor Diretor) no Festival de Veneza por esse filme, que também concorreu em outros festivais de renome como San Sebastián (Espanha) e RiverRun International Film Festival, nos Estados Unidos.

O filme conta a história de um casal separado que disputa judicialmente a custódia do filho mais novo; já que a filha mais velha, com dezoito anos, é livre para escolher viver com o pai ou com a mãe, ficando fora da disputa. Na cena inicial, durante audiência de conciliação diante da juíza, ouvimos os argumentos dos dois lados.

O lado materno argumenta sobre o descontrole emocional do pai, que espreita a antiga residência e segue os passos dos filhos e da ex-mulher, demonstrando que não aceita a separação e é capaz de tudo para restituir a união familiar. No passado, episódios de violência contra a mulher e a filha engatilharam o pedido de divórcio.

Por outro lado, a advogada do pai ressalta que seu comportamento abusivo só foi motivado diante das negativas da mãe para que ele visse os filhos regularmente, e que afastar os filhos do pai não auxiliaria em nada o já traumático processo de separação.

O espectador oscila entre os dois lados, uma vez que o fato de ambos os filhos se negarem a ver o pai poderia refletir um caso típico de alienação parental, na qual a mãe poderia estar manipulando a psique dos filhos com informações falsas ou exageradas, demonizando a figura paterna para obter a custódia integral em ato de vingança contra o marido – embora sua extrema fragilidade possa indicar o contrário.

Assim, somos jogados dentro desse turbilhão emocional, sem sabermos, ainda, onde repousa a verdade. Pouco a pouco, o filme desvela o desespero do pai, que instaura um estado permanente de tensão no qual, a qualquer momento, a violência pode eclodir. Nem mesmo a mudança da mãe e dos filhos para novo endereço, sem comunicar a justiça, pôde neutralizar suas tentativas de domínio.

Embora a narrativa não traga grandes surpresas, o que chama a atenção é a naturalidade do drama que perpassa essas vidas. Podemos sentir na pele o terror estampado nos olhos dos filhos e da mãe, que entraram nesses personagens, a ponto de nos fazer esquecer que estamos assistindo a um filme.

Justamente, essa é a marca das grandes interpretações. E da mesma forma com o personagem do pai, que se coloca a todo tempo a um milímetro da explosão. No decorrer do filme, os tons de suspense vão ganhando contornos mais nítidos à medida em que o clímax se aproxima, o que fica claro na iluminação mais escura e sombria que vai tomando conta dos quadros.

No final das contas, o verdadeiro terror reside nas coisas reais, nas histórias que se repetem exaustivamente no cotidiano, aquelas que já vivemos ou conhecemos de perto alguém que as tenha vivido.

A factibilidade dessa narrativa nos sensibiliza para os perigos de uma relação abusiva ao escancarar o pesadelo da violência doméstica, que encerra segredos entre quatro paredes, sem ignorar as sequelas comportamentais imputadas aos filhos, reféns de um espetáculo macabro que nunca pagariam para assistir.

Fernando Ramos (site Diário do Centro do Mundo)

Foto Divulgação

 

Custódia

Título Original: Jusq´à la Garde (França, 2017)

Gênero: Drama, 93 min

Direção: Xavier Legrand

Elenco: Denis Ménochet, Léa Drucker e Thomas Gioria, entre outros.

Estreou: 06/07/2018

 

Veja trailer do filme:

 

Um Instante de Amor

Gabrielle (Marion Cottilard) é uma jovem mulher cujo comportamento liberal afronta o provincianismo predominante em um vilarejo rural francês nos anos 1950. Como se fosse uma Madame Bovary em pleno século vinte, sua sexualidade à flor da pele a transtorna e incomoda os demais. Em uma das primeiras cenas, ela se banha num rio, abrasadora, com sua saia erguida e sem calcinha. O filme da atriz e cineasta francesa Nicole Garcia começa com essa tensão sexual no ar. O erotismo transbordante que acomete a moça se torna uma pedra no sapato de sua família pequeno-burguesa e gera falatório na região. Até porque ela, animalizada pela vida sem maiores emoções no campo, assedia um professor de escola casado, a quem escreve cartas apaixonadas e chega a se excitar lendo os seus livros.

Preocupada com a sanidade mental da filha, e envergonhada após outro escândalo durante uma festa da comunidade, os pais tomam uma decisão drástica: ou ela aceita um casamento de conveniência com um estranho ou será internada num sanatório. “Ela precisa de um homem em sua vida”, acredita a mãe. Ele é o pedreiro espanhol José (Alex Brendemuhl), que lutou contra Franco na Guerra Civil Espanhola e agora trabalha na propriedade da família. Como o futuro marido não a agrada, Gabrielle concede ao matrimônio imposto, mas sob a condição de que entre eles não existirá sexo. Em contrapartida, permitirá que ele frequente bordéis para satisfazer-se sexualmente.  

Baseado no romance da escritora italiana Milena Agus (Mal de Pierres), o longa desfia o drama de uma pessoa reprimida em um casamento sem amor, uma tragédia afetiva tonificada pela atmosfera conservadora e antiquada da época. Em função da natureza dessa ligação artificial, a relação evolui contaminada pela frieza, apesar dos esforços de José que, alimentado por sentimentos amorosos, chega a se anular e se aviltar. O arranjo nupcial irá se esfarelar de vez no momento em que Gabrielle se interna em uma estação de águas nos Alpes suíços para tratar de cálculos renais que a impedem de engravidar. Neste aprazível recanto, ela irá conhecer Andre Sauvage (Louis Garrel), tenente do exército francês na Guerra da Indochina que se encontra gravemente combalido. Consumida pelos impulsos do coração e da carne – há uma bela cena de sexo entre os dois -, verá suas esperanças definharem em poucos dias.

O espectador está diante da crônica de um romance louco – no lugar do fascínio e ardor por um homem, na verdade Gabrielle se vê atraída por um ideal de afeto. Não por acaso o filme abre com a protagonista, num gesto súbito, desembarcando de um carro onde estava ao lado do marido para se dirigir a um apartamento, em busca de uma paixão perdida em tempos passados. A partir desse episódio, um longo flashback tem início. Hoje, ela é mãe de um menino, que cresceu como pianista promissor, e tenta em vão se desvencilhar da solidão. Trata-se de uma trama na aparência simples, que se desenrola em ritmo cadenciado, equilibrando-se entre o registro histérico e o melodrama, ao som da sinfonia Barcarola, de Tchaikovsky. Curiosamente, aqui as figuras masculinas não são vulgarizadas nem exibidas como vilões. São apresentados como tipos sensíveis e abnegados (José) ou diletantes (Andre). Nas entrelinhas vislumbra-se que o que estamos vendo pode não corresponder à realidade. O que se confirma com uma revelação surpreendente no desfecho.

Marion Cottilard é um dínamo na tela e potencializa a obra com um desempenho crivado de nuances, concedendo intensidade a uma criatura não necessariamente simpática ao público. Mais do que o seu temperamento indócil e selvagem, a personagem central é alguém que não prima pelo realismo e pragmatismo em suas ações amorosas. O enredo evita fazer julgamentos sobre os seus desejos e sonhos, pulsões francamente em desarmonia com os valores e costumes então vigentes. Por esse prisma, é possível se comover pela história de Gabrielle que, atiçada a vivenciar fortes emoções, se revela incapaz de enxergar o amor real que já tem ao seu lado.

(Edgar Olimpio de Souza – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

Um Instante de Amor

Título Original: Mal de Pierres (França, 2016)

Gênero: Drama, 120 min

Direção: Nicole Garcia

Elenco: Marion Cotillard, Alex Brendemühl, Louis Garrel e outros

Estreou: 29/06/2017

 

Veja trailer do filme:

Cinema: A Lua de Júpiter

Clima tenso. Refugiados sírios estão tentando entrar na Europa via Hungria, em viagem temerária por um rio na calada da noite. A polícia de fronteira, no entanto, flagra o grupo de imigrantes, começa a atirar e derruba a pequena frota de barcos. Há uma fuga por campos e bosques e o jovem Aryan (Zsombor Jéger) é baleado no coração pelo corrupto agente policial László (György Cserhalmi). Aí acontece o insólito: milagrosamente o fugitivo ressuscita e passa a ter o poder de levitar, algo que nunca será explicado. Conduzido a um hospital em Budapeste, o agora super-humano fica sob os cuidados do endividado e alcoólatra Gabor Stern (Merab Ninidze), médico que atua nos campos de expatriados como uma espécie de expiação, assombrado por um passado de culpas. Sua missão, como lhe informam, é livrar o comissário de sua responsabilidade na suposta morte do jovem sírio. Mas ao testemunhar a incrível aptidão do paciente, o cirurgião decide protegê-lo, com propósitos nada nobres. Ele o convence a usar suas habilidades para ambos ganharem dinheiro rapidamente.

No audacioso drama humanista do cineasta húngaro Kornél Mundruczó, este estrangeiro ilegal, cujo pai é carpinteiro e se perdeu dele durante a debandada, pode ser um novo Messias, um anjo que surgiu para levar uma nova mensagem para uma Europa despida de fé, intolerante aos imigrantes e avalista de uma política fascista contra pessoas nessa condição. O título, aliás, fala de uma lua chamada Europa, de superfície gelada, uma das 67 que gravitam em torno de Júpiter e a única que poderia ser berço de novas formas de vida, como anuncia o prólogo. 

Após a eletrizante e desesperada sequência inicial, o longa evolui como um thriller de ação, incluindo até perseguição de carros pelas ruas de Budapeste com uma câmera acoplada no capô de um deles. Aos poucos uma Hungria xenófoba e em plena decomposição moral vai se desnudando. Um país capaz de piscar para turistas ricos e atacar migrantes pobres, habitada por sujeitos movidos por atitudes e motivações venais, como o comissário László e o doutor Stern. O dissimulado médico, por exemplo, usa o jovem sírio para maravilhar enfermos supersticiosos, dispostos a desembolsar fortunas por alguém com dons divinos e presumível capacidade de cura. Caso de um ricaço que, num banho turco, deixa-se encantar diante do rapaz que flutua no ar.  

O filme oferece diversas cenas coreografadas, de impacto visual. Em uma delas, Aryan escapa pela janela flutuando e sua sombra desliza pelas janelas de um edifício de apartamentos até o chão. Em outra passagem lírica, num hospital, ele paira de cabeça para baixo sobre uma criança deslumbrada pelo que vê. Na casa de um racista, a câmera acompanha seu voo sob variadas perspectivas, demolindo a gravidade do espaço.

Não se trata de uma produção imune a imperfeições. Mundruczó adiciona uma subtrama, a do pai do protagonista envolvido em um evento terrorista, que contribui quase nada para a sua parábola religiosa. Por vezes, as conexões dentro da história são frágeis e desequilibram o fio narrativo. E algumas relações interpessoais, como o envolvimento entre Stern e Aryan, não se aprofundam satisfatoriamente. Nada disso, porém, ofusca uma obra original e estranha, que embaralha comentários políticos com o sobrenatural e o fantástico para falar da crise dos imigrantes, a perda de crença religiosa, alienação, violência e sacrifícios. Aryan é uma figura que simboliza o sonho dos refugiados em fugir de um mundo entregue à selvageria e obcecado pelo dinheiro.

(Edgar Olimpio de Souza – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )  

(Foto: Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

A Lua de Júpiter

Título Original: Jupiter's Moon (Hungria/Alemanha, 2017)

Gênero: Drama, 123 min

Direção: Kornél Mundruczó

Elenco: Merab Ninidze, Zsombor Jéger, György Cserhalmi e outros

Estreou: 31/05/2018

 

Veja o trailer:

Kiki - Os Segredos do Desejo

Todos aqui cultivam estranhos fetiches sexuais. Uma mulher sente tesão ao ver alguém chorar de tristeza. Outra atinge o orgasmo em situações de pleno perigo. Um casal transa quando um deles não está acordado. Refilmagem de uma comédia australiana, A Pequena Morte, o longa desfila um catálogo de fantasias e taras associadas ao ato sexual. No enredo, a monotonia das relações amorosas, as inseguranças pessoais, os desejos recalcados e a premência de emoções funcionam como alavanca para a satisfação de prazeres da carne pouco convencionais ou que tangenciam o que é considerado normal. 

Com assinatura do cineasta espanhol Paco León, o filme lembra os primeiros trabalhos do conterrâneo Pedro Almodovar, por conta de seu desembaraço, espírito transgressivo, criaturas singulares e humor inquieto. Os primeiros minutos fornecem imagens memoráveis, com homens e mulheres em ação na cama transformando-se em animais ou fundindo-se com eles. É sob essa simbologia que as cinco histórias independentes transcorrem em uma Madri sexy e colorida, embalada por tipos que gostam e sofrem de suas obsessões sexuais. Uma curiosidade: boa parte dos personagens é identificada pelos nomes reais dos atores.

Na história de abertura, Natalia (Natalia Molina) confessa ao companheiro Álex (Álex Garcia) que recentemente experimentou orgasmo em uma loja de conveniência de um posto de gasolina, quando um ladrão pressionou uma faca em seu pescoço. Na tela surge a expressão harpaxofilia, que significa excitação sexual motivada por uma circunstância de violência. O mote vai render cenas divertidas com o parceiro tentando agradá-la simulando casos de roubo. A trama seguinte tem como protagonista um casal cuja vida sexual já teve dias melhores. Enquanto Ana (Ana Katz) e Paco (Paco León) tentam reaquecer a relação, inclusive com idas a um terapeuta sexual, eles recebem a visita de Belen (Belen Cuesta), a atraente amiga lésbica do rapaz. A moça irá despertar desejos até então ignorados ou enrustidos. 

Em outra narrativa, Antonio (Luis Callejo) e Maria Candelaria (Candela Peña) pouco se animam na intimidade. O quadro muda no instante em que ela descobre que se excita vendo pessoas chorando – o nome disso é dacrifilia. A partir desse achado, a mulher procura o tempo inteiro provocar tristeza no marido, nem que seja providenciando uma doença inexistente.

No quarto relato, o cirurgião plástico Jose Luis (Luis Bermejo) é casado com Paloma (Mary Paz Sayago), que está presa a uma cadeira de rodas e o trata com certo desdém. Por acaso, após a esposa beber acidentalmente um chá com sedativos, ele monta uma estratégia para fazerem sexo intenso. Deve-se ressalvar que tal preferência sexual bizarra não é vista na película como uma atitude condenável, porque é possível vislumbrar afeto entre eles. Testemunha, uma empregada filipina disposta a turbinar os seios, mas sem dinheiro para pagar a cirurgia, aproveita para estabelecer uma chantagem sutil sobre o patrão. No último episódio, Sandra (Alexandra Jimenez), funcionária em um centro de atendimento a pessoas com deficiência auditiva, se assanha cada vez que toca em camisas de sedas. Por meio de uma linha de sexo por telefone, ela ajuda um cliente surdo-mudo a satisfazer suas fantasias sexuais. 

Claro que as parafilias expostas geram diversas passagens cômicas. Em um clube sexual, Paco e Ana passam por experiências eróticas diferentes, sem que um se disponha a falar ao outro o que vivenciou. Em outro momento, três personagens trocam flertes valendo-se da linguagem gestual que se desenha a partir da degustação de frutas. Um casal fala de sexo oral no consultório, com críticas ao desempenho do parceiro e detalhes vulgares.

A obra não se pretende profunda. No entanto, deixa entrever uma áspera crítica sobre o significado da normalidade nos tempos atuais, marcados pela urgência da busca de alternativas para se evitar a solidão. A direção instaura dinamismo ao roteiro e não perde o ritmo ao acompanhar uma série de personagens, situações e ambientes. Diálogos saborosos e acontecimentos francamente divertidos, sem apelo ao estereótipo fácil, mantém o interesse do espectador. A forma como o filme aborda os desejos e as necessidades, tudo aquilo que não se costuma revelar e de repente aprendemos a consentir, é envolvente. Prazeres singulares como dacrifilia, hifefilia, somnofilia, poligamia e harpaxofilia passam ao largo do julgamento moral. Em hipótese alguma são examinados como perversões ou depravações. São apenas vícios privados, observados pelo registro do humor leve e pitoresco.

(Edgar Olimpio de Souza – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

Kiki – Os Segredos do Desejo

Título Original: Kiki, Love to Love (Espanha, 2016)

Gênero: Comédia, 102 min

Direção: Paco León

Elenco: Paco León, Ana Katz, Belen Cuesta, Candela Peña e outros

Estreou: 15/06/2017

 

Veja trailer do filme:

Cinema: Deixe a Luz do Sol Entrar

Não sem razão o espectador, diante das buscas da artista plástica parisiense Isabelle (Juliette Binoche) pelo parceiro ideal, descobre que neste trabalho a cineasta francesa Claire Denis (1948) fala, na verdade, sobre os impasses amorosos da mulher e do homem do século XXI. Mostra desta forma que as tentativas femininas espelham as masculinas, em constantes dualidades. E ao não construir seu filme com narrativa linear, mas centrada em entrechos, as hesitações dos personagens terminam por expor sua incapacidade de estabelecer duradoras relações amorosas e, portanto, se ver como um casal.

Denis encadeia uma sucessão de encontros e desencontros de Isabelle em planos sequência, de câmera parada, como se deixasse o espectador espreitar os temores e o medo de Isabelle e do ator (Nicolas Duvauchelle) de iniciarem um relacionamento. Ele acabou de romper com a companheira e ela também. Ficam a se tatear, às vezes avançam, outras retrocedem. E mesmo quando parecem se entender, ficam sem nada estabelecer. O relacionamento dela com Françóis (Laurent Grévill), com o qual teve uma filha, não lhe deixou boas recordações. Daí seus temores.

Não menos evasivos são seus encontros com o banqueiro Vicent (Xavier Beauvois). Ele oscila entre declarações de amor e promessas, mas nada além disso. E também não se acerta com ele. Na sequência em que ela e a amiga Maxime (Josiane Balasco), dona da galeria onde expõe suas criações, o avaliam literalmente, ele não se sai bem. Não que buscasse garantias de amor eterno e sustentação financeira, é independente o bastante para ater-se apenas à relação amorosa. E, assim, Isabelle prefere se manter distante do insistente e galanteador de meia idade.

Com esta estruturação, cheia de nuances e insinuações, Denis (Minha Terra, África, 2009) passeia pelas buscas de Isabelle pelo par ideal. Em sua maioria os homens que encontra são instáveis. Alguns, como seu amigo artista plástico Fabrice (Bruno Podalydès), se insinuam, mas se contêm, preferindo aconselhá-la sobre o tipo de parceiro que a convém. Principalmente, quando vão passar o fim de semana no campo com amigos burgueses, aos quais critica por só pensarem em sua propriedade. Lá, finalmente, ela parece encontrar o homem ideal na figura do operário Sylvain (Paul Blain). Após dançarem e se sentirem atraídos, ela tende a se recolher com ele e levar a relação adiante como antes não fizera.

Assim, a diretora cria no espectador a sensação de que o par ideal se configuraria no homem de outro meio social. Inexistindo barreiras, tão só visões alheias às possibilidades amorosas e de convivência duradora. No entanto, Sylvain não se mostra disposto a compartilhar seu meio e suas amizades com ela. Não é do tipo que leva os amigos para casa ou a companheira para o meio deles. A busca empreendida por ela se torna uma sucessão de encontros que tanto pode levar ao homem ideal ou a mais um insucesso. E Denis reafirma a visão de que o homem é um ser inconstante.

O espectador pode ver pessimismo na forma como ela constrói os homens enquanto personagens de seu filme. Isto acontece através do olhar e das tentativas de Isabelle em se relacionar com eles. Ainda que suas experiências sejam inclusas, ela não recua, persiste em tentar. Há mais problemas neles no que nela. Como se vê em seu fugaz reencontro com Françóis. Ele deixa a filha pré-adolescente no carro enquanto está com ela. E trata-a com impropérios, lhe dizendo que também tem direito ao apartamento e nem foram casados. Dessa maneira, Denis filtra a imagem do homem.

De qualquer forma é como espelhar o todo pelas partes. Contudo, a própria cineasta aponta a necessidade de vê-los dialeticamente: existem homens e homens, e homens. Classes e classes. E Isabelle, em sua eterna busca do par ideal, decide persistir. Seu encontro com o marchand afro Marc (Alex Descas) é o prenúncio de que poderá encerrar uma fase de buscas infrutíferas. A sequência da caminhada deles pelas ruas na madrugada de Paris abre boas possibilidades, ao que ele responde com inconclusões. Mas, para ela, acostumada à não afetividade, algo pode estar por vir.

Na emblemática consulta que Isabelle faz ao vidente (Gerard Depardieu), a cineasta mescla suas buscas a visões e projeções, como se lhe coubesse confirmar este ou aquele pretendente sem lhe precisar qual. Deste modo, como diretora e, inclusive, roteirista em parceria com Christine Angot, deixa o espectador encaixar o que o vidente diz nas tentativas feitas pela própria Isabelle. Abole, assim, o determinismo do par a ela reservado, ou do par que acabará encontrando. Não só isto, Denis trata o relacionamento como uma construção, longe do romantismo e do amor.

Exposto desta forma, o longa não é uma obra com soluções para evidenciar o encontro ou o desencontro da personagem ou mesmo julgá-la. A diretora evita projeções e sonhos, recursos dramáticos que muitas vezes revelam o que acontecerá à personagem, facilitando o entendimento do espectador sobre seu futuro. Ou se vale do romantismo e do determinismo com o surgimento do deus Adónis, personagem da mitologia greco-síria, que atenderá às expectativas de Isabelle. Prefere na longa sequência dela com o vidente deixar tudo em aberto, sem idealizações ou fantasias que ela pudesse àquela altura ter.

(Cloves Geraldo, do site Vermelho)

(Foto Divulgação)

 

Deixe a Luz do Sol Entrar

Título Original: Um beau soleil intérieur (França/Bélgica, 2017)

Gênero: Comédia Dramática, 94 min

Direção: Claire Denis

Elenco: Juliette Binoche, Gérard Depardieu, Alex Descas, Bruno Podalydès e outros

Estreou: 29/03/2018

 

Veja trailer do filme:

La La Land - Cantando Estações

O longo plano-sequência de abertura é prodigioso. Há um engarrafamento monstruoso em uma auto-estrada em Los Angeles, a conhecida Century Freeway. Enfileirados, quase todos os carros são pilotados por um único motorista, cada um ouvindo um tipo de música. De repente, alguém sai cantando, outro faz o mesmo, um terceiro repete o gesto e então todos deixam seus respectivos automóveis e transformam o local em uma eletrizante construção musical. Lembra flash mob, aquelas concentrações instantâneas de pessoas que executam alguma ação súbita combinada de antemão. Todo esse enérgico e tecnicamente irrepreensível momento é capturado pela sinuosa câmera de Damien Chazelle (Whiplash-Em Busca da Perfeição), o roteirista e diretor deste multilaureado filme, que conquistou sete prêmios no Globo de Ouro. Como o espectador irá observar no decorrer da narrativa, o jovem cineasta de 31 anos sabe como transitar suavemente das cenas convencionais para as musicais. Ele transfigura cenários naturais em quadros de faz-de-conta, revitalizando o que muitos julgariam clichês.

Genuíno, bem humorado, extravagante e de veia nostálgica, o longa se propõe a uma releitura contemporânea da linguagem dos grandes musicais, especialmente os das décadas de 1940 e 1950, como Cantando na Chuva e Os Guarda-Chuvas do Amor, além de produções capitaneadas pelos míticos Fred Astaire e Ginger Rogers. Capaz de seduzir públicos variados, a obra é impulsionada por belas e espirituosas canções, acrescida de esfuziantes e charmosos números de dança. Outro trunfo são as referências ao universo cinematográfico que pontuam o script. A parede inteira do quarto de uma personagem, por exemplo, é decorada com a imagem da atriz sueca Ingrid Bergman. Murais pela cidade estampam astros da sétima arte. O casal de namorados assiste no cinema ao filme Juventude Transviada, iluminado pelo lendário James Dean. 

A trama é despretensiosa, na linha do rapaz que conhece moça, se apaixonam após antipatia inicial e atam um romance promissor, sujeito a previsíveis percalços. A diferença é o final, inesperado. Essa fórmula batida é desfiada, com boa dose de interesse, graças às performances solares dos protagonistas Emma Stone e Ryan Gosling, que emanam química e carisma na tela. Ela, que aprendeu canto e sapateado, incorpora uma talentosa atriz principiante e ele encarna um competente pianista de jazz – o ator toca piano de verdade durante os segmentos musicais. Ambos os personagens em busca de um lugar ao sol, como milhares que rumam para Hollywood atrás do estrelato.

O relacionamento percorre as quatro estações do ano, porém se fragiliza na medida em que as diferentes aspirações de carreira se tornam embaraços de difícil administração. O  Impulsivo e intransigente, Sebastian aprecia o jazz puro e autêntico, ama Miles Davis e sonha abrir um clube de jazz. Vive de bicos, tocando canções natalinas em um restaurante tradicional ou dedilhando sintetizador como integrante de uma banda estilo anos 1980, que se apresenta em festas privadas. A perspectiva de alavancar dinheiro surge com o convite de um amigo, que o persuade a ingressar no seu grupo musical, afeito a um pop mais palatável – os shows, com direito a dançarinas em trajes vaporosos, são um sucesso e existe uma turnê extensa pela frente. Já a devotada e meio desesperada Mia trabalha como barista em uma cafeteria na região da produtora cinematográfica Warner Bros Pictures. Nas horas vagas arrisca-se em audições de filmes, que acabam virando experiências infrutíferas e humilhantes. Como as separações têm sido cada vez mais prolongadas, por conta das viagens profissionais do tecladista, e ela ainda não saiu do lugar, o equilíbrio do vínculo afetivo se desfaz.   

Embora não sejam notáveis na pele de dançarinos, Emma e Gosling chegam a mostrar desenvoltura nessa função e são filmados da cabeça aos pés, sem artifícios visíveis, em ininterruptas tomadas. O par convence também na hora de cantar, em solos ou duetos, nunca se subordinando às composições, que funcionam como esteio para contar a história, expor pensamentos e traduzir emoções. Passagens marcantes fermentam o enredo. Em uma delas, Mia e Seb estão visitando o renomado Observatório Griffith e literalmente bailam entre as estrelas. Em outra, uma ceia surpresa organizada por ele descamba para uma discussão da relação.

À semelhança do início, o desfecho produz outro choque estético. Após um lapso de tempo, eles não conseguem mais se lembrar de seus sentimentos. Por meio de um encadeamento tocante e inflamado de cenas, sem o uso de palavras, os dois passeiam, cantam e dançam apaixonados por Hollywood. Trata-se de um novo contexto, um flagrante de fantasia que evoca sonhos desfeitos, aquilo que poderia ser e não foi, tudo banhado em melancolia. 

(Edgar Olimpio de Souza - O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )   

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

La La Land – Cantando Estações

Título Original: La La Land (EUA, 2016)

Gênero: Drama Musical, 128 min.

Diretor: Damien Chazelle

Elenco: Emma Stone, Ryan Gosling, John Legend, J. K. Simmons e outros.

Estreou: 19/01/2017

 

Veja trailer do filme:

Cinema: Manifesto

Um exercício desafiador, surpreendente e peculiar, com a camaleônica Cate Blanchett incorporando uma multiplicidade de personagens. Aliás, não é uma novidade na carreira da atriz australiana – em 2007 ela encarnou várias facetas do cantor Bob Dylan em Não Estou Lá, Todd Haynes. Aqui, ela dá voz a um conjunto de manifestos artísticos e políticos escritos ao longo da história, todos questionando o papel da arte e do artista na sociedade ou criticando o capitalismo e os valores burgueses. São declarações que consolidaram movimentos e grupos como Futuristas, Dadaístas e Suprematistas, entre outros coletivos. 

Este filme é a versão cinematográfica de uma instalação de tela múltipla do artista e cineasta alemão Julian Rosefeldt, exibida em museus pelo mundo – a obra consistia em treze vídeos estrelados por Cate Blanchett exibidos simultaneamente no mesmo local de exposição. Rodado em menos de duas semanas em Berlim, o longa rompe com a narrativa linear e oferece um enredo nem um pouco convencional. O que existe de inventivo nesta adaptação para o cinema, incluindo pitadas de bom humor, é o fato de que estes manifestos são apresentados em contextos inesperados e despropositados, bem diferentes do tempo e período em que foram concebidos, suscitando novos ângulos e perspectivas de leitura.

Com performance virtuosa, Cate Blanchett funciona como uma espécie de porta-voz desses postulados, um arco que contempla desde o Manifesto Comunista de 1884, de Marx e Engels, ao Dogma 95, criado pelos cineastas dinamarqueses Lars Von Trier  e Thomas Vinterberg. Atenção: os textos não são identificados durante a projeção, apenas no transcurso dos créditos. A atriz se desdobra em treze figuras distintas, cada uma com fala, imagem, sentimentos e modos próprios. Ou seja, ela não se limita a vestir figurinos diferentes e mudar o cabelo. Sua transformação é radical. Outro alerta: a relação entre estes personagens e o que verbalizam não é fatalmente perceptível e talvez seja inteligente não perder tempo em busca de conexões.

O Manifesto Comunista, por exemplo, ganha registro revolucionário na boca de um sem teto excluído do capitalismo. Portando um megafone, o sujeito berra sobre os males do consumismo e da sociedade capitalista, arrastando carrinho e cachorro pelas ruínas de uma fábrica abandonada. Em outra sequência, os princípios do Manifesto Dadaísta, do poeta romeno vanguardista Tristan Tzara, recheiam uma oração fúnebre. “Um morre como um herói ou como um idiota, o que é a mesma coisa”, declama a viúva. Antes do almoço, uma mãe ultraconservadora comanda a prece familiar segundo o subversivo Manifesto da Pop-Art, do escultor americano Claes Oldenburg. Com braços tatuados, um punk niilista discute em uma boate sobre o impulso criativo, extraído do Manifesto Estridentista. Em uma instalação futurista, cientista recita fragmentos dos manifestos Suprematista, do pintor soviético Kazimir Malevich, e do Cubismo, Futurismo e Suprematismo, da artista conterrânea Olga Rozanova.

Um temperamental coreógrafo russo enuncia Sem Manifesto, da coreógrafa americana Yvonne Rainer, intimidando aos gritos uma trupe de dança moderna. Uma coletânea de manifestos vinculados ao cinema (As regras douradas de Fazer Cinema, de Jim Jarmusch, A Declaração de Minnesota, de Herzog, e Dogma 95) é proferida em uma sala de aula do ensino fundamental. Uma professora ensina como matéria aos alunos as novas regras de fazer cinema. Em outro quadro, uma embonecada âncora de programa de televisão conversa com uma repórter, que está em meio a um temporal. O papo, com o tom e o padrão de um telejornal, gira em torno de conceitos da arte, garimpados do Manifesto Sentenças Sobre Arte Conceitual, do artista americano Sol LeWitt.

Rosefeldt partiu do pressuposto de que estas declarações públicas de princípios e intenção não devem permanecer circunscritas aos livros didáticos, mas relidas à luz de situações e personagens da atualidade. Nesse sentido, o filme é bem sucedido em exalar o vigor e o tom provocativo desses manifestos impregnados de significados, utopias e incongruências, agora revisitados em uma época em que importantes discussões ocorrem no ambiente vaporoso das redes sociais.

Possivelmente a película será mais fruída por aqueles que têm conhecimento da história da arte. Isso não obstrui, no entanto, a atenção dos espectadores não familiarizados com os trabalhos citados. Porque o filme é um instigante emaranhado de juízos sobre a arte, política e filosofia que, à parte a ausência de um roteiro clássico com ação progressiva, tem o condão de exaltar o pensamento e a reflexão. Nesse caso, o absurdo e a pretensão do cineasta ao transpor sua instalação para a tela grande não soam arrogantes.  

(Edgar Olimpio de Souza – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Ótimo

 

Manifesto

Título Original: Manifesto (Alemanha/Austrália, 2015)

Gênero: Drama, 95 min.

Direção: Julian Rosefeldt

Elenco: Cate Blanchett, Ralf Tempel, Ruby Bustamante e outros.

Estreou: 26/10/2017

 

Veja o trailer:

A Criada

Um trapaceia com o outro e ninguém é totalmente confiável no mais recente filme do cineasta sul-coreano Park Chan-wook (Oldboy). Versado na arte da manipulação, o diretor desenvolve um refinado jogo de fingimentos e tapeações, que embala uma trama adaptada de um romance inglês da escritora Sarah Waters, conhecida por abordar relações lésbicas – ele transfere o contexto original da Inglaterra do século XIX para os anos 1930, quando a Coréia era colonialmente ocupada pelo Japão.

No enredo pontuado por guinadas e ziguezagues, o falso conde Fujiwara (Ha Jung-woo) coopta uma moça pobre, Sook-hee (Kim Tae-ri), para trabalhar como criada na mansão da aristocrata reprimida Hideko (Kim Min-hee), que vive ali enclausurada na companhia do tirano e impudico tio Kouzuki (Cho Jin-woong). A jovem terá a incumbência de aproximar a patroa dessa figura sem escrúpulos, que pretende casar com ela, herdar toda a sua fortuna e interná-la em um sanatório. Existem, no entanto, obstáculos imprevisíveis pelo caminho. Até porque estas pessoas apreciam praticar golpes, traições e crueldades. E o palacete, que condensa estilos e traços arquitetônicos orientais e ocidentais, abriga segredos desagradáveis. Não bastasse, ainda irrompe uma paixão não presumida, que logo verte para uma abrasante relação sexual.

Park desempacota uma obra que parece enveredar por um thriller de suspense, mas que lentamente evolui como um drama erótico com subtexto político. Intencionalmente embaraçada, a narrativa se estrutura como um sugestivo quebra-cabeça. Três capítulos compõem a história, cada um externando múltiplos pontos de vista, reviravoltas e novos aspectos e peculiaridades dos personagens – o uso inteligente de flashbacks, por exemplo, oferece uma compreensão mais aprofundada do quarteto.

Um indivíduo que no início se mostrava ingênuo, minutos mais tarde se revelará ardiloso. A fragilidade de um irá depois se transformar em vigor. O orgulhoso despencará para o patético. O recato rapidamente vira despudor. O tempo inteiro a dinâmica do poder é subvertida. Tanto os papéis de dominação e vassalagem são fluídos quanto variáveis são as lealdades. Como alguém está sempre explorando alguém, o público nunca advinha a próxima situação. O elenco, aliás, cumpre à risca a tarefa de interpretar criaturas que transitam da condição de manipulados para manipuladores e vice-versa, num desempenho tingido de camadas de nuances.                      

Se a violência física é mais rarefeita, numa comparação com outros trabalhos do cineasta, a brutalidade emocional aqui ganha calibre. Da mesma forma que a voltagem erótica se projeta sem meios tons. A imoderada atração entre a serviçal e a dona propicia cenas coreografadas de sexo, rodadas em duas perspectivas diferentes. As imagens nada comportadas lembram as tórridas sequências de transa entre as personagens de Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos explicitadas no controvertido filme Azul é a Cor Mais Quente. Há clara alusão à perversão e repressão sexual na cultura oriental. A sexualidade masculina, por sinal, é exposta no filme como um desejo a ser repelido.  Outra passagem tem apelo erótico singular. Colecionador obsessivo de arte e de raros livros eróticos, o tio costuma promover sessões de leitura heterodoxas. Nelas, ele coage a sua sobrinha a declamar ficção erótica na frente de uma distinta plateia, composta por cavalheiros potenciais compradores.

No longa, a libertação feminina da opressão masculina funciona quase como uma alegoria para a vingança nacionalista contra um poder colonial. Cabe às mulheres a insubordinação, porque os homens parecem resignados diante da ocupação estrangeira.  Kouzuki, por exemplo, é um intelectual coreano que venera a cultura japonesa e procura ascendência social imitando o modo de vida do opressor. Ele e Fujiwara escancaram a condição de capachos colonizados.   

(Edgar Olimpio de Souza – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )  

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

A Criada

Título Original: The Handmaiden (Coreia do Sul, 2016)

Gênero: Drama, 140 min.

Diretor: Park Chan-wook

Elenco: Kim Tae-Ri, Ha Jung-Woo, Kim Min-hee e  Cho Jin-woong

Estreou: 12/01/2017

 

Veja trailer do filme:

 

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